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No dia 17 de dezembro de 2014, René Simões era apresentado oficialmente e fazia a sua primeira entrevista coletiva como técnico do Botafogo (na data do seu aniversário e da conquista do Brasileiro de 1995 do clube). Hoje, completam seis meses do técnico à frente do Botafogo.
Na atual situação, encontra-se em uma situação confortável e segura, pois as vitórias estão ocorrendo (seis em sete partidas da Série B) e que – infelizmente – são fundamentais em um país cuja cultura do imediatismo ainda predomina no futebol. O que se tornou um ponto positivo para a atual diretoria, não dando uma relevância maior com as duas derrotas nas finais do estadual e reconhecendo o bom trabalho feito até então.
Com a continuidade do trabalho, René conseguiu implementar seus conceitos no decorrer da Série B, sendo contextualizados alguns deles nessa postagem.
Compactação
A ideia estava bem explícita desde o amistoso contra os chineses e que teve suas dificuldades de execução em algumas partidas no decorrer da temporada. Vejam na imagem abaixo:
Hoje, o time assimila muito bem esse conceito, pressionando o adversário com a linha defensiva adiantada – tanto ofensivamente na saída de três no início da construção das jogadas e com os laterais avançados, como defensivamente com a linha de zaga avançada e o time compacto em um espaço entre 35 e 40 metros – e se defendendo sem ceder espaços ao adversário – como contra o Paraná, aonde se defendeu com dez jogadores em um espaço entre 20 e 25 metros.
Com isso, o Botafogo procura ter o domínio da partida – em muitas das vezes tendo o controle – e ver Jefferson/Renan trabalhando pouco.
Posição x função
A posição inicial do sistema tático vem tendo menos importância nas partidas. Hoje, cada jogador tem uma função no campo de jogo, seja ela defensiva ou ofensiva, e boa parte deles vem assimilando e evoluindo na parte tática e técnica. Nesse ponto, destaques absolutos para Arão e Pimpão. O volante é o líder de desarmes certos do time na Série B (21 em seis partidas) e tem liberdade para avançar e ser uma boa opção nos passes longos por trás da última linha defensiva do adversário – como no gol contra o Vitória. Já o atacante tem total liberdade para se movimentar na parte ofensiva, não guardando posição a fim de confundir o adversário, e cumpre muito bem seu papel defensivo, fechando um dos lados da linha de marcação dos meias. Além do mais, é o líder de finalizações certas do time na Série B (10 em seis partidas) e o artilheiro com quatro gols.
Com eles, pode-se somar como destaque o Gilberto. Os três juntos, pelo lado direito de ataque, são o ponto forte da equipe nas jogadas ofensivas com triangulações e jogadas de ultrapassagem. Em números absolutos, o lateral lidera em passes certos (296) e cruzamentos certos (7) na equipe.
Independente do sistema tático, o Botafogo hoje joga um futebol coletivo devido à assimilação das funções e o individualismo foi diminuindo, o que não impediu que os jogadores pudessem se destacar na parte técnica.
Amplitude
Há uma coisa para se destacar do sistema tático. Com a saída do 4-3-1-2 muito utilizado no estadual, o Botafogo ganhou amplitude com meias abertos pelos lados do campo. Antes, faltava coordenação dos volantes dos vértices com o avanço dos laterais e, hoje, esse movimento evoluiu com o posicionamento inicial dos meias espaçados, criando amplitude. E mais uma vez, destaca-se o ponto positivo citado anteriormente (função x posição). Mesmo espaçados, esses meias têm consciência em se movimentar constantemente e no tempo certo, não guardando posição. Vejam na imagem abaixo:
Intensidade
Um fundamento que o Botafogo ainda carece de aprimoramento. Um ponto: o Botafogo não é um time lento e preguiçoso, entretanto ainda comete erros em suas execuções. Afinal, o que é intensidade? Segundo Leo Miranda, do Painel Tático, intensidade é “a capacidade de agir, pensar e executar sua função com velocidade e efetividade, seja ela individual ou coletiva”.
Exemplo positivo: partida contra o Mogi Mirim. O Botafogo construiu a vitória com a intensidade imprimida, principalmente no segundo tempo. O time pensou o jogo de forma rápida e veloz. Atacou e defendeu de forma organizada e em intervalos curtos, ou seja, fez a transição defesa/ataque com velocidade e se recompôs defensivamente rapidamente.
Exemplo negativo: partidas contra Atlético-GO e Vitória. Encontrou dificuldades contra o time goiano, pois apenas a movimentação ofensiva foi ineficiente contra uma defesa bem posicionada. A capacidade de pensamento e ação do time foi lenta para a criação de espaços no último terço do campo. E sofreu na recomposição defensiva com os contra-ataques adversários, assim como contra o Vitória.
Aliás, a partida contra os baianos foi outro bom exemplo de intensidade do time do Botafogo na parte ofensiva. Ou melhor, o seu primeiro tempo. Mas a recomposição defensiva teve suas falhas na falta de intensidade em conjunto com o posicionamento da última linha, com as marcações individuais.
Esse é um quesito que o Botafogo precisa ser mais constante em suas partidas na Série B. Ser intenso no Nílton Santos quando tiver o domínio – consequentemente ter o controle – e pensar mais rapidamente o jogo, executando essas ações quando jogar fora de casa.
O que esperar nos seis meses restantes da temporada?
O acesso para a Série A, obviamente. Que o Botafogo consiga evoluir nos conceitos estabelecidos pelo René, independente do sistema tático, e que os resultados não atrapalhem na sequência, ou seja, que o time não perca pontos no decorrer do campeonato de forma recorrente e displicente. Mais uma vez, volto a citar o imediatismo do futebol brasileiro. Uma sequência de resultados negativos pode encerrar um bom trabalho de uma hora para outra.
O caminho ainda é longo até o final da Série B. São 31 jogos restantes. René tem os requisitos para recolocar o Botafogo em seu devido lugar. Os deslocamentos e a parte física preocupam mais que o nível técnico dos adversários. Talvez a perda de jogadores negociados, seja para a Série A ou exterior, também. Contudo, sobre esse último ponto, que a diretoria esteja apta para manter o time atual nos bastidores e que dê a tranquilidade necessária com os vencimentos em dia.
Estatísticas e dashboard: Footstats.
Por Thiago Hildebrandt.